quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Homossexualidade: É Claro que Não é Natural!




     Tenho de admitir, o título da postagem é para atrair leitores. Se os ideólogos da ignorância religiosa, neo-inclusivos ou não, têm o direito às suas manchetes sensacionalistas, por que eu não poderia me utilizar daquilo que é gritante para levar alguns à reflexão?
     Pois bem, mas o assunto que vou tratar aqui é exatamente este, não é propaganda enganosa. Vou tratar sobre a homossexualidade ser natural ou não. Para isso, vou colocar na geladeira as proposições biologizantes, em primeiro lugar e, depois, as teorias loucas da teologia sobre “natureza” humana. Nossa abordagem será antropológica, afinal estamos falando de seres-humanos, e nada melhor que a Ciência do Homem para abordar a naturalidade ou antinaturalidade da homossexualidade.
     Para a antropologia a homossexualidade não pode ser natural, nem a heterossexualidade, nem a bissexualidade, pois o homem não é NATURAL, mas um ser cultural. Deixou o estado de natureza lá atrás quando abandonou as cavernas solitárias, se elas realmente existiram, e começou a guiar-se pelo elemento simbólico. Tá complicado? Tá acadêmico demais? Então vamos simplificar...
     O homem, o ser humano não pode e não é um ser da natureza selvagem e bruta, pois é racional. Não pode ser natural; ou você já viu vaca cozinhando a grama antes de comer? Ou já assistiu um casal de jacarés em cerimônia de casamento? Ou sua cadelinha usando o bidê?


     Não somos naturais. Ninguém nunca viu um ser-humano esquartejando uma galinha com os dentes para se alimentar, ou o outro fazendo sexo à força com uma “fêmea” no meio da rua, ou urinando e fazendo caquinha nos corredores do prédio ou no elevador. Se você viu algum ser-humano fazendo algumas destas coisas, podes crer, ele já deixou o estado de humanidade, está no estado de natureza, nua e crua, dura e cruel. Só o louco, aquele mais lunático, pode viver em estado de natureza, desinserido do cultural, do mundo humano.
     É por isso que a homossexualidade não é natural, muito menos a heterossexualidade. Elas não existem no mundo da natureza, pois são conceitos humanos, que a natureza não compreende nem aborda. Mas, você pode me dizer que já viu dois cachorrinhos machos “cruzando”, ou um galo chocando ovo. Isso existe, e é elemento da natureza, do mundo natural; o cachorrinho está exatamente “cruzando” e não fazendo sexo, pois sexo é coisa para humanos fazerem.
     Homossexualidade e heterossexualidade necessitam de sentimentos humanos para existirem, sentimentos estes que são elementos simbólicos, que fogem da necessidade e se perdem nos desejos. Só humanos podem desejar, não cahorrinhos, vaquinhas e macaquinhos... estes “necessitam”, pois dependem de seus instintos, coisa já inexistente no homem inserido no cultural.
     Ufa! Dei muita volta? Mas não tive outro meio pra chegar onde queria... e não quero desdizer os que tentam provar a biologicidade da homossexualidade. Quem sou eu para isso! Creio que exista sim um componente biológico, micro, na definição da sexualidade de cada um, mas que não define comportamentos, nem sentimentos, nem atrações, que estão ligados ao desejo, não ao instinto, e estão submissos ao ambiente cultural de cada sociedade.
     Bem, acho que este texto é legal para clarificar e explica melhor a polêmica série de imagens “É Claro que Não é Natural”, criadas pelo departamento de marketing da Comunidade Betel, que geraram alguma incompreensão por parte de alguns. Deu para iniciar um debate mais amplo sobre este assunto,  por sinal muito bem abordado pelas ciências sociais e pela psicologia, e desastrosamente abordado pela teologia cristã, pelo menos por aquela do status quo.
     Da próxima vez que te disserem que ser gay não é natural não se ofenda, afinal você é gente e não pode se comparar aos animais irracionais submissos aos instintos, somente comparáveis à gente totalmente inserida no estado de loucura.

     Sim, ser crente fundamentalista é NATURAL!

Diác. Luiz Gustavo.


www.igrejainclusiva.blogspot.com


Dica de Leitura:  LARAIA, Roque de Barros. "Da Natureza da Cultura ou Da Natureza à Cultura", In: Cultura, Um Conceito Antropológico. Rio de Janeiro: 1986, Zahar Editor.

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